O Brasil é a peça da calamidade pública. O teatrinho da criminalidade é ensaiado todos os dias e o público simplesmente assiste e vai embora. Vai embora. Sai do salão passivo e sem voz. Alguns até reclamam que o protagonista não era galã de cinema ou alegam que a poltrona era desconfortável. Mas ninguém, ninguém prestou atenção no enredo que abarcava o espetáculo.
Quando sai na capa da Veja que o teatro foi um fiasco, que o bandido não foi preso e a mocinha não foi salva, reclamam. Resmungam. Alegam ter pagado caro pelo bilhete. E realmente pagaram. Mas é só sair a edição sobre Copa do Mundo que todos esquecem do outro espetáculo. Esquecem que pagaram e continuam pagando caro por não entenderem que não existe mocinha e que os vilões não são só quem está no poder, e sim o povo que os deixa no poder, que os coloca no poder. Vilã é a plateia que ajuda a construir o fiasco do espetáculo.